No final de 2025, a Europa faz uma curva acentuada da proteção das liberdades digitais para uma regulação rígida. Enquanto Bruxelas discute o controlo sobre os serviços de mensagens, a Dinamarca prepara-se para ser o primeiro país da UE a criminalizar utilizadores comuns pelo uso de VPNs para contornar geobloqueios.
1. Precedente Dinamarquês: Crime por ver Netflix
O Ministério da Cultura da Dinamarca apresentou um projeto de lei para alterar a Lei de Direitos de Autor. A iniciativa, que deve entrar em vigor em julho de 2026, visa criar uma chamada «proibição tecnologicamente neutra da pirataria online».
No entanto, a definição de «equipamento ilegal» agora inclui não apenas descodificadores físicos, mas também soluções de software — VPNs e servidores proxy. Se anteriormente usar uma VPN para aceder à biblioteca americana da Netflix era apenas uma violação dos termos de serviço (Terms of Service), a nova lei propõe classificar isso como um delito.
2. Multas para Cidadãos e Prisão para Vendedores
O projeto de lei divide claramente a responsabilidade, mas pela primeira vez introduz riscos diretos para os consumidores comuns de conteúdo.
- Particulares: Cidadãos que usem uma VPN para visualizar conteúdo indisponível na sua região (geobloqueio) podem estar sujeitos a multas. A nota explicativa indica que a proibição se estende à «posse e uso» de tais meios.
- Setor Comercial: A distribuição, venda ou publicidade de ferramentas para contornar bloqueios acarreta uma punição mais severa — até 1 ano e 6 meses de prisão.
3. Contexto Pan-Europeu: As Liberdades Estão a Diminuir
A iniciativa dinamarquesa não é um caso isolado, mas enquadra-se na tendência geral de «apertar o cerco» na UE em 2024–2025. O espaço digital está a tornar-se cada vez mais transparente para as autoridades.
Paralelamente à lei dinamarquesa, continuam os debates na UE em torno do regulamento Chat Control. Embora a verificação obrigatória de correspondência tenha sido adiada devido a protestos, a nova versão da lei enfatiza a «deteção voluntaria» e a verificação rigorosa da idade, o que leva efetivamente à desanonimização dos utilizadores da internet.