9 milhões de downloads e vigilância: lista de VPNs expostas que você deve remover

24.11.2025
9 milhões de downloads e vigilância: lista de VPNs expostas que você deve remover

VPNs falsas e serviços desonestos — de um lado, promessas de anonimato total e proteção; do outro, casos reais de vigilância, vazamentos de dados e monetização oculta do tráfego. Abaixo está uma análise completa: serviços de VPN já expostos, esquemas típicos de abuso e conclusões importantes para o mercado e para os usuários.

1. Contexto: por que o tema dos VPNs falsos tornou-se crítico

O mercado de VPN cresceu drasticamente nos últimos anos: bloqueios de sites, aumento da vigilância e maior criminalidade cibernética impulsionam a busca por ferramentas de proteção. Nesse cenário, surgem muitos serviços de VPN “gratuitos” ou pouco conhecidos que se aproveitam da confiança do usuário: prometem “no-logs”, “segurança militar” e “anonimato”, mas na prática coletam dados, permitem vazamentos ou até transformam o dispositivo do usuário em um nó de rede de terceiros. O princípio fundamental é simples: se o produto é gratuito, há uma grande chance de que o usuário e seus dados sejam a verdadeira forma de monetização.

2. Casos concretos de VPNs expostas

Abaixo listamos apenas VPNs e extensões para as quais existem investigações jornalísticas e relatórios técnicos documentados — nada de rumores, somente casos comprovados.

2.1. FreeVPN.One — extensão que fazia capturas de tela das páginas

Em 2025, pesquisadores de segurança descobriram que a extensão gratuita FreeVPN.One para Google Chrome (com dezenas ou centenas de milhares de instalações) passou a tirar capturas de tela praticamente de todas as páginas visitadas e enviá-las para um servidor remoto após uma atualização.

  • Plataforma: extensão para Google Chrome.
  • O que os pesquisadores descobriram: segundos após o carregamento da página, a extensão fazia uma captura de tela, coletava a URL, o ID da aba, dados do navegador e do dispositivo, enviando tudo para um servidor externo sob o pretexto de “AI Threat Detection”.
  • Problema de transparência: a política de privacidade mencionava proteção contra sites maliciosos, mas na prática eram capturadas páginas comuns, incluindo e-mail, redes sociais, bancos e outros serviços sensíveis.
  • Risco para o usuário: possibilidade de vazamento de senhas, conversas privadas e conteúdos sensíveis exibidos na tela no momento da captura.

2.2. Hola VPN — transformando usuários em nós de rede P2P

Hola VPN era promovido como um VPN/proxy gratuito, mas investigações revelaram que o serviço usa um modelo peer-to-peer: o tráfego de outros usuários pode passar pelo seu IP. Além disso, esse tráfego era revendido por meio do serviço comercial Luminati (hoje Bright Data).

  • Plataformas: extensões de navegador e aplicativos standalone.
  • Essência do esquema: o usuário instala um “VPN gratuito”, mas sua conexão vira recurso para terceiros. Assim, seu IP pode ser usado para scraping, automação e até atividades potencialmente ilegais.
  • Riscos: bloqueios, suspeitas de atividades maliciosas, possíveis consequências legais e total discrepância entre promessa e prática.

2.3. Cluster UFO VPN e aplicativos relacionados

Em 2020, um relatório revelou que um cluster inteiro de VPNs associados à empresa de Hong Kong Dreamfii HK Limited deixou exposto um banco de dados com cerca de 1 TB de logs de usuários — mesmo declarando política “no-logs”.

Os serviços citados incluíam:

  • UFO VPN
  • FAST VPN
  • Free VPN
  • Super VPN
  • Flash VPN
  • Safe VPN
  • Rabbit VPN

A base exposta continha endereços IP, timestamps, protocolos utilizados e até informações sobre redes de origem — dados suficientes para associar usuários a suas atividades, contrário ao marketing “no-logs”.

2.4. Onavo Protect — VPN usada como ferramenta de análise de comportamento

Onavo Protect, adquirido pelo Facebook (Meta), era promovido como VPN gratuito para “proteger dados”. Mais tarde, revelou-se que o tráfego coletado era usado para monitorar comportamento: quais apps o usuário instala, quanto tempo usa concorrentes etc.

  • Plataforma: iOS e Android.
  • Essência da polêmica: conflito de interesses — um VPN pertencente a uma empresa de publicidade com acesso a dados detalhados do usuário.
  • Resultado: após críticas, o app foi removido da App Store e posteriormente encerrado.

3. O que esses casos têm em comum

Apesar das diferenças, todos compartilham características semelhantes:

  • Marketing incompatível com a realidade. Promessas de “no-logs” não condiziam com as práticas reais.
  • Monetização obscura. Venda de dados, revenda de tráfego ou análises ocultas.
  • Comunicação deficiente dos riscos. Estruturas jurídicas vagas e ausência de informações claras.
  • Foco em volume, não em confiança. Importavam-se mais com números de instalações e avaliações do que com auditorias e transparência.

4. Consequências para usuários e para o mercado

Para os usuários, instalar um “VPN gratuito aleatório” pode gerar o oposto de segurança: vigilância ampliada, vazamentos ou uso indevido do IP.

Para o mercado, esses casos arranham a reputação de todo o setor: provedores legítimos precisam investir mais em auditorias, relatórios e infraestrutura transparente.

Reguladores também intensificam o foco no setor, discutindo exigências formais para provedores — o que cria barreiras para serviços maliciosos, mas aumenta o peso regulatório para empresas sérias.

5. Recomendações práticas para usuários

  • Verifique o proprietário e a jurisdição. Falta de clareza é um sinal de alerta.
  • Leia análises independentes. Pesquise “nome do VPN + data leak / logs / investigation”.
  • Avalie o modelo de monetização. VPN gratuito quase sempre compensa a ausência de pagamento vendendo dados ou tráfego.
  • Procure sinais de privacidade real. Auditorias, whitepapers, arquitetura transparente.
  • Cuidado com extensões desconhecidas. Especialmente as que pedem privilégios amplos.

Casos como FreeVPN.One, Hola VPN, UFO VPN e Onavo Protect lembram: VPN não é um botão mágico de anonimato — é um serviço complexo ao qual você entrega todo o seu tráfego.

Conclusão: VPNs falsas prejudicam o setor e colocam usuários em risco. Escolha consciente e análise de reputação não são opcionais — são parte essencial da higiene digital.
Fontes e materiais para leitura adicional:
• Relatórios de pesquisadores sobre FreeVPN.One — Koi Security
• Investigações sobre Hola VPN e Luminati/Bright Data — ZDNet, Ars Technica
• Relatório sobre vazamentos do cluster UFO VPN — vpnMentor
• Materiais sobre coleta de dados pelo Onavo Protect — WSJ, The Guardian
Etiquetas: VPN segurança privacidade VPNs falsos vazamento de dados extensões maliciosas ameaças cibernéticas vigilância análise de segurança extensões do Google Chrome

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